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A CARTA QUE EU ESPERAVA

  • Foto do escritor: Carolina Falandes
    Carolina Falandes
  • 28 de mar. de 2020
  • 2 min de leitura

Crônica: A cartcRa que eu esperava

Crônica


Quando vi aquela árvore de flores amarelas, quis abraçá-la. Não, não sou do Greenpeace, tampouco uma daquelas mulheres da Índia que precisam se casar com uma árvore para quebrar a maldição dos Manglik e serem felizes no casamento. É que a felicidade estava à flor da pele e não tinha ninguém perto para comemorar junto comigo. O motivo de tanta alegria? A carta. Não, não era uma cartinha de amor de algum admirador secreto (antes fosse), muito menos do banco dizendo que fui sorteada com um título de capitalização (antes fosse dois). A que me refiro pode ser resumida em três letras: CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

Enfim, depois de sete meses de preparação, chegou o grande dia, o mais esperado ou o mais temido, não importa. Lá vou eu fazer o exame final. Na minha cabeça vinham as frases do Cícero, meu instrutor, “não tire o pé da embreagem”, “cuidado para o carro não morrer”. Esta história começou em abril último quando decidi tirar a habilitação. Fiz o curso de CFC e logo em seguida a prova do DETRAN. Passei fácil, sem muita preocupação, já me sentia quase um piloto de Fórmula 1, só que sem dinheiro, pois lá se foram minhas economias.

Aos 18 anos, eu só tinha dirigido o carrinho de feira da minha avó, com poucos acidentes no currículo, porém, muitas emoções, comparadas somente as que senti na primeira aula que tive com o Cícero. Depois, achei tudo mais natural, exceto o medo de assalto, principalmente após ouvir os relatos do meu instrutor que levou até tiro no carro. Imaginem ainda o pavor que causa a obrigatoriedade das aulas noturnas, dá medo até de cumprir as normas, como parar no farol vermelho.

Hoje, umas das maiores conquistas desejadas pelos jovens quando completam 18 anos de idade é a tal da carta de motorista. Será que os cursos e treinamentos ministrados realmente são eficazes? Então, por que, a cada dia, o trânsito mata mais? Uma verdadeira guerra nas grandes cidades.

As últimas estatísticas mostram que os acidentes de trânsito são a maior causa de mortes no mundo e, no Brasil, ocupam o segundo lugar entre jovens de 18 a 24 anos. Para reflexão: é preciso rever esta forma de habilitação dos condutores. Enquanto as crianças dirigem a mais de 300 km por hora nos games, as salas de aula não preparam os mesmos para a realidade.  Logo, a educação de trânsito é fundamental desde cedo e, a mesma tecnologia utilizada para multar (os tais radares), precisa ser estendida para educar e salvar vidas.

De volta ao grande final. Valeu, Cícero! Fiz tudo direitinho, baliza, rampa, percurso, aos olhos do examinador ao meu lado que, ao término da avaliação, olhou para mim e disse: “parabéns, você foi aprovada!”. Desci do veículo saltitante e parti pro abraço.



Ano: 2015

 
 
 

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